Márcia Casali´s posts

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Finalmente estão percebendo que isso é tortura!!!!

Região espanhola da Catalunha proíbe touradas

Sarah Rainsford

Da BBC News em Barcelona

O Parlamento da região autônoma da Catalunha decidiu, nesta quarta-feira, proibir as touradas, transformando a província na primeira região da Espanha continental a banir a prática.

A votação foi resultado de uma petição levada ao Parlamento com a assinatura de 180 mil pessoas que diziam que a prática é bárbara e antiquada.

Aqueles que são favoráveis às touradas insistem que as corridas, como são chamadas na Espanha, são uma tradição importante que deve ser preservada.

Grupos pró-touradas temem que a proibição possa inspirar uma onda de campanhas semelhantes no resto da Espanha.

Eles dizem que as touradas são uma forma de arte e que a medida ameaça o meio de vida de milhares de pessoas.

A proibição começa a ter efeito em janeiro de 2012.

Consciência

A medida foi aprovada por 68 votos contra 55, com nove abstenções.

A votação foi apertada porque os dois principais partidos presentes no Parlamento suspenderam a fidelidade partidária, tomando a rara decisão de permitir que seus membros votassem de acordo com suas consciências.

Mas, enquanto o debate oficial é sobre os direitos dos animais, muitos acreditam que o processo seja uma tentativa da Catalunha - onde há um movimento nacionalista pró-independência – marcar sua diferença do resto da Espanha, rejeitando uma das mais conhecidas tradições do país.

A principal arena de touradas de Barcelona é uma das mais antigas da Espanha, mas o apoio à prática vem caindo entre os moradores da cidade.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Etanol brasileiro precisa equilibrar emissões da adubação


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Biocombustível e adubação

A produção de cana-de-açúcar no estado de São Paulo ainda necessita encontrar um ponto de equilíbrio entre a adubação adequada para a manutenção da produção e a redução de óxido nitroso (N2O), que possui potencial de aquecimento 298 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2).

A conclusão é de um estudo realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, que buscou obter mais dados em relação às emissões de gases de efeito estufa (GEE) em áreas de cana-de-açúcar no estado de São Paulo.

“Para que um biocombustível seja realmente benéfico sob o ponto de vista ambiental, é necessário analisar o somatório das emissões de GEE durante todo o processo produtivo”, aponta Diana Signor, autora da pesquisa. Leia mais…

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US$ 8,7 bilhões para reconstruir o Iraque ‘sumiram’, diz órgão dos EUA


http://www.redetopatudo.com.br/admin/Fotos/torneira-jogando-dinheiro-no-ralo.jpg

Colaborou: Edu Nicacio

Um órgão de fiscalização federal dos EUA criticou o Pentágono nesta terça-feira, 27, por não justificar devidamente os gastos dos bilhões de dólares destinados à reconstrução do Iraque.

A Inspetoria-geral Especial para a Reconstrução do Iraque informa que o Departamento de Defesa americano não presta contas de aproximadamente US$ 8,7 bilhões dos US$ 9 bilhões destinados ao fundo, o que corresponde a cerca de 96% da verba.

O Pentágono diz que os fundos não estão necessariamente perdidos, e sim que os registros de despesas devem ter sido arquivados. Em resposta ao relatório emitido pela Inspetoria, os militares dizem que para prestar contas, serão necessários “trabalhos significantes de recuperação de arquivos”. Leia mais…

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Centro de pesquisas científicas francês instala-se no Brasil


http://mktescolastecnicas.files.wordpress.com/2009/06/brasil-franca.png?w=445&h=122&h=202

O CNRS Brasil, escritório de representação do Centre National de la Recherche Scientifique, foi inaugurado oficialmente no Rio de Janeiro.

O CNRS é a mais importante instituição pública de pesquisas da França, com longa trajetória de cooperação com pesquisadores brasileiros.

O escritório funcionará no Brasil sob a direção de Jean-Pierre Briot, membro do Laboratoire d’Informatique de Paris 6 (LIP6), um laboratório de ciência da computação conjunto da Universidade Pierre e Marie Curie (Paris 6) e do CNRS.

Na entrevista que segue, Briot revelou os projetos do centro de pesquisas francês no Brasil a Andrei Koerner, professor do Departamento de Ciência Política da Unicamp, que atualmente realiza pesquisa sobre Justiça Constitucional junto ao Institut des Études Politiques de Paris.Leia mais…

'Custo Brasil' e educação contêm avanço do país, diz relatório

Para consultoria, estruturas de transporte ainda são freio para o país

As deficiências do Brasil nos setores de infraestrutura e educação estão entre os principais "desafios" que o país precisa enfrentar para crescer de maneira sustentável, avalia um relatório da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) divulgado nesta terça-feira.

O estudo reuniu dados da própria consultoria, entrevistas com analistas e especialistas e um levantamento feito entre abril e maio junto a executivos de 536 companhias em 18 países.

A EIU identificou quatro áreas nas quais o país precisa fazer progressos se quiser realizar o seu potencial econômico: educação, infraestrutura, inovação e reconhecimento internacional de marcas.

"Se estes desafios arraigados puderem ser solucionados na próxima década, a economia poderia sustentar taxas de crescimento acima de 5% ao ano por um longo período", disse a especialista da EIU para as Américas, Justine Thody.

"Para um país de renda média com uma população perto de 200 milhões de habitantes, seria um dos mercados mais atraentes do mundo."

Percepções e realizações

O relatório, encomendado pelo banco HSBC, procurou avaliar "como os investidores veem o Brasil e como o Brasil vê o mundo".

Quase metade dos entrevistados (49%) disse perceber o Brasil como um "mercado jovem e crescente à altura da China, Índia ou Rússia" e dois em cada cinco (40%) disseram ver o país também como "um ator emergente na cena mundial".

Entretanto, 31% associaram a economia brasileira a um "mercado com grande potencial, mas contido por um ambiente pobre de negócios", enquanto 13% afirmaram que o Brasil é "principalmente conhecido pelos extremos de riqueza e pobreza".

A EIU estima que o país crescerá 7,8% neste ano e 4,5% no ano que vem, chegando a 2014 com um PIB per capita de US$ 13,8 mil.

Entretanto, para sustentar um crescimento em torno de 5% em níveis prolongados, o país precisa resolver gargalos pelo menos nos quatro campos citados no relatório, segundo a consultoria e os entrevistados ouvidos na pesquisa.

Desafios

Questionados sobre os principais obstáculos operacionais para seus negócios no Brasil, por exemplo, praticamente metade dos respondentes (49%) citou os baixos padrões – ou os altos preços, daí o termo "custo Brasil" – da infraestrutura do país.

O estudo aponta que as atividades de frete ainda dependem de transportes rodoviários custosos, a malha ferroviária é pequena, os portos e aeroportos estão congestionados e o potencial hidroviário permanece inexplorado.

Se estes desafios arraigados puderem ser solucionados na próxima década, a economia poderia sustentar taxas de crescimento acima de 5% ao ano por um longo período.

Justine Thody, especialista da EIU

Entre outras respostas frequentes, os pesquisadores da EIU também registraram a preocupação dos empresários com o não-cumprimento de contratos, a corrupção e a fraca governança corporativa (34% das menções).

No quesito educacional, o relatório apontou a falta de mão-de-obra qualificada para preencher vagas cruciais nas empresas. Entre as companhias americanas, por exemplo, esse é considerado o principal desafio a ser enfrentado pelo Brasil (na opinião de 47% das empresas).

Para a EIU, a saída passa, além da melhora no currículo educacional e o treinamento dos professores, por um redirecionamento dos recursos públicos do ensino universitário para a escola secundária.

"Uma educação pobre e poucos recursos na educação secundária significam que os alunos que terminam a escola estão entre os menos educados do mundo", afirma a EIU.

Inovação e reconhecimento

Por fim, o país enfrenta também desafios relativos à inovação e ao reconhecimento de seus produtos no exterior. Mais da metade dos entrevistados no Brasil (57%) disse não ter estruturas voltadas para pesquisa e desenvolvimento, ou sequer planos de criar tais estruturas.

O relatório aponta que é necessária uma maior aproximação entre empresas e universidades para gerar conhecimento e inovação – a exemplo do que já ocorre nas áreas ambiental e agrícola, nas quais o Brasil é um exportador de tecnologia.

Na questão da percepção da "marca Brasil" – essencial para garantir uma boa acolhida aos produtos brasileiros nos mercados destinos –, o relatório indicou que as companhias verde-amarelas "ainda sofrem do pouco reconhecimento no exterior".

"À parte algumas companhias de alto perfil, as marcas brasileiras ainda carecem do reconhecimento global de suas concorrentes ocidentais", afirma o estudo.

Nada menos que 84% dos entrevistados disseram que as marcas brasileiras não são reconhecidas ou apreciadas no exterior. Nos EUA, por exemplo, apenas 3% das empresas crêem que as marcas do Brasil alcançam este grau de distinção.

Já na China, as marcas brasileiras são bem-recebidas por 24% dos empresários.

Críticos 'veem Brasil com olhos pequenos', afirma Amorim

Guila Flint

De Tel Aviv para a BBC Brasil

Amorim deve deixar o governo ao final do governo Lula

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que os críticos da política externa brasileira veem o Brasil com "olhos pequenos" e "não conseguem compreender" que o país passou a ter “grandeza” no cenário internacional e, em consequência, está sendo chamado a desempenhar um papel ativo nas questões mundiais.

Em seu último dia de visita a Israel, o chanceler concedeu uma entrevista exclusiva à BBC Brasil na qual fez um balanço de seus oito anos de trabalho à frente do Itamaraty e rebateu diversas críticas à política externa brasileira.

Amorim também analisou o papel do Brasil no Oriente Médio e na América Latina e falou sobre sua visão do futuro da posição brasileira no cenário mundial.

O ministro dividiu os críticos à política externa brasileira em dois grupos principais – as grandes potências, que segundo ele, querem manter o monopólio do poder, e críticos dentro do país que não compreendem que "o Brasil é um país grande".

"Os críticos de fora do Brasil também não querem a participação (em questões da paz e segurança mundiais) da Índia, da África do Sul ou da Turquia, pois querem preservar o monopólio do poder que têm", afirmou.

"Já no Brasil (os críticos) são pessoas que não conseguem compreender que - sem nenhuma megalomania, sem nenhum exagero - o Brasil tem um tamanho e uma grandeza no cenário internacional."

Política externa não é uma coisa que se faz com um horizonte de um ou dois mandatos, mas nós iniciamos um processo e temos hoje uma relação de intimidade e de conhecimento dos problemas que não sonhávamos ter dez anos atrás.

Celso Amorim

Venezuela x Colômbia

Amorim rejeitou as críticas de que a participação crescente do Brasil nas questões mundiais, especialmente no Oriente Médio, se dá em detrimento dos esforços do país para ajudar a resolver os problemas da América Latina.

"Na questão da crise entre a Venezuela e a Colômbia, a primeira coisa que o presidente Lula fez foi telefonar para o presidente Chávez, e também entramos em contato com os ministros colombianos. Uma coisa não interfere na outra, pelo contrário, o prestígio internacional do Brasil nos ajuda também a trabalhar na região", disse.

O ministro disse que a América do Sul tem mecanismos para resolver crises como a que está ocorrendo entre a Venezuela e a Colômbia e lembrou que na próxima quinta-feira, dia 29, os ministros da Unasul vão se reunir para discutir a questão.

"A tarefa imediata é administrar a situação até a chegada do novo governo colombiano e então procurar uma solução mais permanente."

Oriente Médio

Amorim disse que os esforços que o Brasil dedicou, durante os últimos oito anos, às questões do Oriente Médio "valeram a pena".

"Política externa não é uma coisa que se faz com um horizonte de um ou dois mandatos, mas nós iniciamos um processo e temos hoje uma relação de intimidade e de conhecimento dos problemas que não sonhávamos ter dez anos atrás."

O chanceler disse que, cada vez que vai ao Oriente Médio, sente que há “um interesse na participação do Brasil, sinto isso da parte dos palestinos, dos israelenses e dos iranianos, e de outros - egípcios, sírios...."

“Vale a pena o esforço, porque aqui (no Oriente Médio) estão concentrados os problemas principais da paz mundial, e o Brasil é um grande país e todos nós temos que pagar um preço pela manutenção da paz. "

"A paz é como a liberdade, é como ar, você só sente como ela é importante quando ela não existe", disse Amorim.

E completou: "Os países que querem ter uma participação têm que pagar algo por isso e é melhor que seja em diplomacia do que em outras formas".

Irã

O ministro afirmou que o Brasil vai respeitar as sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã, embora tenha se oposto a elas, "pois respeita a lei internacional".

No entanto, segundo Amorim, o Brasil não tem obrigação de se alinhar a favor das sanções unilaterais decretadas pelos países europeus ou pelos Estados Unidos.

"Continuamos achando que o melhor caminho para resolver a questão do projeto nuclear iraniano é por meio do diálogo e não do isolamento".

O ministro afirmou que se houver uma guerra com o Irã as consequências poderão ser "absolutamente trágicas".

"Mas prefiro apostar na paz e temos que continuar trabalhando para evitar que isso aconteça", disse.

Eleições

A maior resistência em relação à participação do Brasil e de outros países em desenvolvimento é na parte de paz e segurança, pois os cinco membros do Conselho de Segurança são também potências nucleares que querem barganhar entre elas as condições da paz no mundo. Mas isso vai mudar, porque o mundo não pode continuar tendo, no seu processo decisório, os mesmos paises de 1945.

Celso Amorim

Diante da aproximação das eleições no Brasil, Amorim afirmou que considera que mesmo na ausência do presidente Lula, o papel do Brasil no cenário internacional continuará crescendo.

"Pelé só teve um, mas o Brasil continuou a ser campeão mundial", comparou Amorim.

De acordo com a avaliação do ministro, daqui a dez anos ninguém terá duvidas sobre o papel importante e central do Brasil nas relações internacionais, inclusive nas questões da paz e segurança mundiais.

"O Brasil já tem um papel importante nas questões financeiras, nas relações comerciais e na questão do clima. A maior resistência em relação à participação do Brasil e de outros países em desenvolvimento é na parte de paz e segurança, pois os cinco membros do Conselho de Segurança são também potências nucleares que querem barganhar entre elas as condições da paz no mundo".

"Mas isso vai mudar, porque o mundo não pode continuar tendo, no seu processo decisório, os mesmos paises de 1945."

"Esses oito anos em que servi no Ministério foram muito privilegiados pois foram um momento de transformação do mundo e do Brasil", resumiu.

Sobre seus planos futuros, Amorim disse que no momento tem dois convites, "um é real, que é do reitor da Universidade do Rio de Janeiro, para ajudar na universidade, e o outro... eu gostaria de crer que tenho um convite... que é dos meus netos, para passar mais tempo com eles".

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Saiu no Correio Braziliense

Casamento inédito será celebrado, na próxima semana, no HemocentroA escolha foi da própria noiva, que, após sobreviver a uma série de problemas devido à disponibilidade de doadores de sangue, resolveu comemorar a cura com uma cerimônia solidáriaa

Ariadne Sakkis

Publicação: 15/07/2010 08:05 Atualização: 15/07/2010 13:02

Com Francisco da Conceição de Carvalho, o noivo: doação de sangue é estimulada a partir do convite do casamento, onde se pede que, em vez de presentes, os convidados sejam doadores voluntários - (Zuleika de Souza/CB/D.A Press )
Com Francisco da Conceição de Carvalho, o noivo: doação de sangue é estimulada a partir do convite do casamento, onde se pede que, em vez de presentes, os convidados sejam doadores voluntários
Cilma Paula de Azevedo tem 37 anos e vai se casar. Partilha com outras noivas o mesmo sonho de um belo vestido branco e de selar um destino ao trocar alianças com o homem que ama. A partir daí, Cilma caminha só rumo ao dia do “sim.” As diferenças que a deixam fora do clube das noivas começam pelo fato de o casamento ter sido organizado em pouco mais de um mês, enquanto a praxe requer pelo menos um ano. Desconhecidos generosos e conhecidos leais ajudaram a mineira de Paracatu a materializar o sonho que requer mais recursos do que Cilma dispõe. Por fim, a principal singularidade das bodas de Cilma e do noivo, Francisco da Conceição de Carvalho, 49, é que a cerimônia será realizada na Fundação Hemocentro de Brasília, e a lista de presentes tem apenas um item: doação de sangue. Você se pergunta por quê? Só sabendo o início da história para entender.

A primeira mudança na vida de Cilma aconteceu em 16 de novembro do ano passado, quando ela perdeu o emprego devido a uma reestruturação na empresa em que trabalhava havia 13 anos. “Fiquei desnorteada. Eu tenho compromissos a pagar, não sabia o que ia fazer”, conta. Um mês depois, mais um revés: ela e Francisco sofreram um acidente de carro, que não deixou feridos, mas muitos estragos na lataria. O dinheiro que ela havia juntado a vida inteira não serviria ao propósito de conquistar algo perene, mas para pagar contas.

“Decidi que iria comprar alguma coisa para mim e lembrar o meu esforço”, diz. Em 15 de janeiro deste ano, ela e a amiga Nanci Sherata foram a um garage sale (bazar de utilidades do lar) e Cilma se encantou com uma poltrona. No dia seguinte, com o carro emprestado de um amigo, buscou o móvel e levou-o para casa, no Jardim Botânico. Estacionou na garagem e desceu para conversar com Nanci, que havia parado o carro em frente à casa de Cilma. “Esqueci de puxar o freio de mão. Fiquei exatamente entre os dois carros, conversando com ela pela janela do passageiro”, relembra. Francisco, notando a demora de Cilma em entrar, foi até a garagem e viu o carro descendo.

Ele só teve tempo de chamar a atenção de Cilma aos gritos. Sem reação, ela apenas se virou de lado, em vez de sair da direção, e acabou espremida entre os dois carros. Francisco e alguns pedreiros que trabalhavam na rua conseguiram remover o veículo, mas, entre o acidente e a chegada do Corpo de Bombeiros para o socorro, foram 25 minutos de agonia. “Sou voluntária da Cruz Vermelha e sabia que meu caso era grave. Não havia ferimento, mas eu sentia uma dor terrível”, afirma. Seu fígado havia sido esmagado.

Assistência
Cilma se prepara, no salão, para as fotos do dia mais especial de sua vida. Passo a passo, ela constrói uma história fundamentada em solidariedade e, ao mesmo tempo, incentiva o instinto solidário das outras pessoas - ()
Cilma se prepara, no salão, para as fotos do dia mais especial de sua vida. Passo a passo, ela constrói uma história fundamentada em solidariedade e, ao mesmo tempo, incentiva o instinto solidário das outras pessoas

Cilma foi levada para o Hospital Regional do Paranoá, onde encontrou amparo e dedicação de um médico que fez o que pôde. A hemorragia havia levado o corpo de Cilma ao estado de choque. Coube às enfermeiras bombear 16 litros de sangue tipo B — 40 bolsas — para garantir que a paciente não viesse a falecer. “Se ninguém nunca tivesse doado sangue, eu teria morrido naquele momento. Alguém salvou a minha vida”, lembra, emocionada. Ela foi transferida para o Hospital de Base e, durante a operação para avaliar os estragos e estancar o sangramento no fígado, sofreu uma parada respiratória. Foi preciso fazer uma traqueostomia. Após a cirurgia, Francisco foi informado de que tinha poucos minutos para conseguir uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), indisponível no Base. Apesar de ter sido demitida, Cilma ainda dispunha de seis meses de plano de saúde, e foi esse suporte que a salvou.

Foram 33 dias na UTI de um hospital privado, sem poder falar e em estado crítico. A religião, que sempre fez parte de sua vida, foi fundamental. “Eu tinha que acreditar na fé, na cura. Via gente morrer todos os dias”, conta.
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Quando uma broncopneumonia foi diagnosticada, a cura, mais uma vez, veio pela transfusão de plaquetas do sangue. “Meus amigos, minha família, colegas de trabalho, instituições onde sou voluntária, o Corpo de Bombeiros e muitas outras pessoas fizeram uma verdadeira campanha de doação de sangue. Recebi muitas energias positivas” lembra. A ideia de se casar no Hemocentro veio nessa época. Sem poder falar, ela escreveu a proposta em um papel e o entregou a Francisco. Ele, claro, aceitou. “Francisco é meu herói. Ali, vi o quanto ele me amava”, declara.

A alta finalmente veio. Mas o bem-estar durou muito pouco. Em maio, ela voltou a sentir dores. Dessa vez os problemas eram no intestino. Foi submetida a outra cirurgia e, ao acordar, lá estava, novamente, em uma UTI. “Achei que não fosse ter forças. Não acreditei que tinha que passar por tudo aquilo de novo. Planejar o casamento foi o que me manteve firme.” A última batalha contra a doença veio após a alta, com uma forte infecção intestinal. Cilma chora muito ao narrar sua história. Conversando com a reportagem enquanto fazia a prévia da maquiagem de noiva, cortesia do Helio Diffusion de Coiffeur, ela batizou a sessão de “choroterapia.” Depois de tudo, triunfou um aprendizado: “As coisas materiais do dia a dia não podem se sobrepor ao valor da vida”, ensina.

Solidariedade
Os caminhos de Cilma e de Cristina Del’Isola, coordenadora do Movimento Maria Cláudia Pela Paz, se cruzaram no fim de maio. Cristina leu uma carta na qual Cilma pedia ajuda para realizar seu sonho de casar. “Aquilo me lembrou o princípio básico da vida da Maria Cláudia, que é valorizar, acima de tudo, a vida. Fiquei muito tocada”, diz Cristina. Todos os anos, o MMC busca realizar algum evento especial em 21 de julho, aniversário de Maria Cláudia, morta brutalmente em 2004. Este ano, é a vez de casar Cilma. Uma rede de parceiros foi acionada e a resposta veio da forma mais positiva possível.

Absolutamente toda a estrutura foi criada com doações de apoiadores. Desde o som até o coquetel. O vestido, o mais importante, foi doado ao MMC há quatro anos e nunca havia servido em ninguém. Caiu como uma luva em Cilma. “Era para ser dela”, comenta Cristina, que também vai casar a filha Maria Fernanda. “Espero que ninguém precise passar por uma tragédia na vida para acordar e ser um ser humano melhor. Hoje, tento fazer isso por mim e pela minha filha. É a forma que encontro de me oxigenar”, completa.

As cicatrizes no corpo de Cilma são grandes, mas ela repete o que uma amiga lhe disse: “Deus marca seus filhos para não os perder de vista”. Ela continuará a mobilizar as pessoas “por grandes causas da humanidade”, a começar por ajudar o próximo como preceito básico de vida. No dia 21, Cilma entrará de branco no Hemocentro, tornando-se a primeira noiva do local. De presente, espera ganhar muitas, muitas bolsas de sangue. Tipo: qualquer um é aceito. “É uma coisa tão simples, mas tão importante. As pessoas não sabem a repercussão que um ato desses tem. Um dia, você pode precisar do sangue de alguém assim como eu precisei”, atenta.


Qualquer um pode ajudar
Para doar sangue, é preciso:
» Ter boa saúde
» Não estar em uso de medicamento
» Ter entre 18 e 65 anos
» Pesar acima de 50kg

Se você se dispuser a doar, fique atento:
» Durma pelo menos seis horas na noite anterior à doação
» Não realize exercícios físicos antes
» Não consuma bebidas alcoólicas por 24 horas
» Não fume por pelo menos duas horas antes de doar


Onde fica
A Fundação Hemocentro de Brasília funciona no Setor Médico-Hospitalar Norte, Quadra 3, Conjunto A, Bloco 2. O atendimento é feito de segunda a sábado, das 7 às 18h. Maiores informações pelo telefone 3327-4424.