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sábado, 21 de maio de 2011

Professor de escola pública produz filme com alunos da comunidade

Periférico 304, um filme que conta a história da periferia de Samambaia, relata dramas de moradores da região

Desafiar limites e aventurar-se na trilha do desconhecido. Foi o que levou um professor de escola pública a produzir um filme de 1h30, com apenas 25 mil reais. Periférico 304, gravado em Samambaia, demorou cinco anos para ficar pronto e antes mesmo de ser lançado, já teve mais de 27 mil acessos na internet. Pela rede mundial de computadores o filme foi visto não só no país, mas nos Emirados Árabes e Groelândia. O cineasta e roteirista, Fernando Meireles, deu apoio à produção, após participar de eventos na faculdade. Outro fato importante é que o filme foi encaminhado para o diretor da série norte-americana, Crime Scene Investigation (CSI), Anthony E. Zuiker.

O professor de artes cênicas, Paulo Z, é fascinado por cinema. Há mais de 15 anos leciona no Centro de Ensino 304 da Samambaia e teve a ideia de produzir um longa-metragem. Após um festival de teatro, captou os alunos que mais se destacaram e deu início à formação da pré-produção do filme. "Produzir Periférico 304 foi a realização de um sonho. Sempre fiz teatro, mas o cinema é um desejo paralelo", comenta Paulo Z, que na época procurou o amigo Geraldo Lessa Rabelo para ajudar no roteiro.

Mas o que ele não esperava é que a ideia repercutisse tão bem na cidade. Quando abriu as inscrições para o elenco, mais de 300 pessoas compareceram. Muitos pais, que apenas acompanhavam os filhos, fizeram o teste e foram selecionados para o elenco. Quem não passou deu apoio na parte técnica como figurantes, operadores de câmeras e luz.

Por não ser conhecido, Paulo fez o caminho inverso. "Eu utilizei o que tinha: material humano, equipamentos emprestados e a comunidade, que cedia casas e lojas", acrescenta Paulo, enfatizando que a Secretaria de Cultura ajudou, mas com pouco. "Eles me pagaram para ministrar um curso de cinema. O resto foi com a ajuda de quem acreditou no projeto".

No papel principal, a ex-aluna da escola, Luana Vieira, 22 anos, se emociona ao falar da experiência como atriz e da expectativa pela estréia, após cinco anos de espera. Ela conta que nunca imaginou fazer parte de um filme, principalmente por ter participado apenas de peças escolares. "O filme pra mim foi uma grande oportunidade. Minha primeira experiência como atriz. Realizei um sonho", diz Luana.

Quem também comemora o lançamento de "Periférico 304" é Francisco Nunes, responsável pelo figurino e maquiagem. E Adriano Araújo da Rocha, escolhido como ator principal na trama. O maquiador Francisco Nunes comenta que a equipe tinha uma meta e um programa de trabalho a seguir. Para ele, cuidar do figurino e preparar os atores para as gravações foi gratificante e inesquecível. "No filme acontece uma peça teatral. Um trabalho árduo que serviu de aprendizado, não só para mim, mas para toda equipe", comenta Nunes.

Adriano não participou da oficina desde o começo do projeto. Como nunca atuou, ele foi estudar teatro para aprimorar o conhecimento no Instituto de Arte e Cidadania. Para ele o filme serviu de motivação e inspiração para projetos futuros. "A experiência foi marcante, não só por atuar, mas por fazer parte dos bastidores", diz Adriano.

O filme tem como princípio mostrar ao público a história dos moradores de Samambaia. Uma região administrativa com aproximadamente 200 mil habitantes. Para o diretor de elenco e produtor executivo, Josuel Junior, formado em artes cênicas, o drama conta as experiências de alguns alunos da escola 304. "O diferencial foi ter a comunidade fazendo o filme. Periférico significa o que está em volta, no caso, a periferia de Samambaia" informa Josuel.

Ele conta que ao terminar as filmagens, a equipe tinha 22 fitas nas mãos, mas não sabia como editar. Os diretores enviaram ofícios para várias instituições e o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) acatou o projeto. "Foi uma troca. O Iesb entrou com a mão de obra da edição e os produtores com o material bruto a ser tratado" explica Josuel. Segundo o diretor está em andamento uma parceria com o Ministério da Educação, para que o filme faça parte da grade acadêmica. A meta é que um milhão de pessoas assista o filme.

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