O método explora a utilização de ferramentas para prender a atenção e tornar o estudo uma aventura divertida
Márcia Casali
No Século XX, acreditava-se que aprender uma segunda língua na infância era prejudicial ao desenvolvimento cognitivo da criança. Especialistas do departamento de psicologia da Universidade de Brasília (UnB) garantem que não existe idade ideal para aprender uma segunda língua. Teoricamente, quanto mais cedo melhor, mas algumas variáveis devem ser levadas em consideração. Os bebês, por exemplo, podem iniciar a aprendizagem de outra língua, desde que sejam capazes de aprender a distinguir os sons básicos da fala.
Para o professor e psicólogo pediátrico, Áderson Costa, os bebês podem até diferenciar sons de fala que nunca ouviram antes. No entanto, antes de alguns meses de vida, não são capazes de reter atenção e sincronizar os processos de ver, ouvir e processar informação. “Quando um bebê de 6 ou 7 meses ouve uma palavra várias vezes, em frases diferentes, mais tarde prestará mais atenção a esta palavra do que a palavras não escutadas antes”, diz. Ele reforça que por volta dos 6 meses os bebês são capazes de olhar para um objeto ao ouvir a palavra correspondente, mesmo feito em mais de uma língua.
Segundo o psicólogo, quando crianças de 1 ou 2 anos aprendem duas línguas simultaneamente, muitas vezes progridem com certa lentidão, porque misturam as palavras. Mas, por volta de 3, 4 anos, são capazes de separá-las. Mais à frente, quando iniciam o ensino fundamental, costuma ser fluentes nas duas línguas. Outro diferencial são as crianças que estão em ambientes cujos pais são fluentes em outros idiomas. “Elas levam vantagem, porque estão expostas a condições de enriquecimento cognitivo. A aprendizagem se generaliza para além da sala de aula”, comenta Costa.
Escolas na cidade oferecem cursos de inglês para bebês a partir dos 3 meses de idade. Até os 7 anos, as aulas são ministradas com um método totalmente comunicativo e mudam de atividade constantemente, num período de 20 a 30 minutos. Para a diretora pedagógica, Renata Berndt, da escola Learning Fun, os conteúdos são baseados em temas familiares para a idade, como: cores, família, animais, brinquedos e datas comemorativas. “Usamos livros grandes e coloridos para o momento da história, pois o visual estimula a criança”, comenta Renata.
A diretora explica que os vocabulários são mostrados por meio de concretos, que passam de mão em mão para que todos toquem e brinquem um pouquinho. A repetição é usada para exercitar a fixação dos vocabulários, mas uma repetição cantada, nunca de forma monótona. O cérebro dos bebês funciona como uma esponja, até os 7 anos de idade. “As informações são assimiladas com muito mais facilidade do que por crianças maiores ou adolescentes”, informa Renata.
Segundo a professora Silviane Barbato, do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento da UnB, certos detalhes precisam ser levados em consideração, pois tudo que é em excesso ou forçado faz mal. No entanto, se considerar o aprendizado, em contexto de bilinguismo, e a criança se sentir bem, certamente é um exercício vantajoso para o raciocínio, para a entrada em outras culturas e uma abertura para o mundo.
Em relação à escola estrangeira, Silviane explica que esse processo de imersão a criança pode sentir um senso de não pertencimento, de na identificação com as práticas de uma cultura diferente da que está habituada. “Se várias crianças dessa escola estão em situação similar, será mais fácil a adaptação” diz a psicóloga. Caso contrário a família e a escola devem acompanhar de perto o processo de imersão.
Para o assistente técnico, Joelton Lopes Ribeiro, ver o filho Gabriel de 3 anos, matriculado em uma escola de inglês é algo maravilhoso. “Ele está tendo uma oportunidade que eu não tive”, comenta o pai. Gabriel demonstra interesse pela nova língua. E todos os dias chega em casa repetindo as palavras que aprendeu na escola. “É importante a criança entrar cedo em um curso de inglês. Algo muito valorizado no mercado de trabalho”, diz Joelton que acredita que o curso será um diferencial no futuro do filho.
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