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terça-feira, 3 de abril de 2012

Energia que vem do frango

Pesquisadores da UnB desenvolveram sistema que utiliza dejetos de frango como fonte de energia

Por Márcia Casali

O Brasil é o segundo maior produtor de carne de frango do mundo e chega a gerar dez milhões de toneladas de dejetos por ano. Todo esse material pode ser usado não só na agricultura. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) revelou que eles também são fonte de energia.

A cama de frango é uma espécie de forro utilizada nas granjas para proteger os pés dos frangos. Composta por uma mistura de casca de arroz e gravetos que serve para absorver a urina, fezes e penas das aves. De acordo com o granjeiro Damião Francisco Coutinho, a cada três dias é necessário revolver o material até completar 32 dias no máximo. “É necessário virar porque fica úmida e aquela umidade gera frio para os pintinhos”.

De acordo com o veterinário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) Mário Paschoal, o material era utilizado como ração animal. A prática passou a ser proibida desde 2004. “Fechou-se um ciclo dos ruminantes ingerindo a proteína animal, pois existe a possibilidade de acontecer um surto de vaca louca no país, que é isento dessa doença”, explica o veterinário. Ele reforça que a cama de frango é um material muito rico em nitrogênio e também matéria orgânica.

Durante o mestrado do pesquisador Guilherme Neitzke, com a orientação do professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB Carlos Gurgel, foi testado o uso do gás gerado pela queima da cama de frango como uma fonte alternativa de energia. Depois de triturada e prensada a cama de frango toma a forma de pequenos cilindros chamados de pellets. O gás combustível produzido é resfriado e filtrado.

“Nosso aluno de mestrado nosso, com formação na área agrícola, demonstrou a preocupação sobre a destinação da cama de frango. Então ele propôs usar cama de frango em sistemas de gaseificação. A partir daí nós iniciamos os estudos e comprovamos que é absolutamente possível e os resultados foram sensacionais”, explica o orientador do estudo, Carlos Gurgel que conta com a estrutura do laboratório da UnB e recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

De acordo com a pesquisa, se as dez milhões de toneladas da cama de frango produzidas no país por ano fossem gaseificadas, seria possível geral 700 megawatts de energia por hora. O equivalente a uma turbina da usina hidrelétrica de Itaipu. Ou 140 mil chuveiros elétricos ligados dia e noite, durante 365 dias.

Além dos benefícios da gaseificação, os resíduos desse processo podem ser reaproveitados. O alcatrão, líquido de cheiro forte, é um inseticida natural. As cinzas, ricas em fósforo e potássio, podem ser usadas como adubo orgânico. Segundo o engenheiro mecânico Diego Raphael Alencar, a pesquisa representa uma nova ferramenta por um modelo de desenvolvimento sustentável.

Maestro ensina música para crianças carentes

O projeto prevê a criação de uma orquestra sinfônica no Recanto das Emas e Itapoã. Mas a iniciativa precisa de ajuda para dar continuidade

Por Márcia Casali

O Centro de Integração Social da Família e da Criança (Cisfac) é uma organização não governamental (ONG), mantida por voluntários e que atua na comunidade do Itapoã, junto a crianças em situação de vulnerabilidade social. Atualmente atende 80 crianças em caráter social e educacional. O projeto visa promover o desenvolvimento humano, sócio-cultural e econômico. A sede abriga uma biblioteca comunitária que atende dezenas de estudantes por dia. Oferece reforço escolar, de segunda a sexta-feira, nos dois turnos, aula de informática, teatro, dança, além de assistência a saúde por meio de parceiros.

A região do Itapoã começou como uma invasão irregular. Aproximadamente 100 mil habitantes, convivem diariamente com os altos índices de violência, pobreza, desnutrição e analfabetismo. Uma região a menos de 30 km de Brasília a Capital Federal. Tão perto do poder e tão longe da dignidade. Foi nesta realidade que o Cisfac decidiu trabalhar. O projeto existe desde 2006 e visa contribuir para o desenvolvimento social das crianças e famílias. “Já estamos atuando na área de assistência social, educação e saúde”, comenta Ana Maria Costa, voluntária no projeto, que em parceria com o maestro Emílio De Cesar, trabalha na estruturação de uma orquestra sinfônica no Itapoã.

Com apenas 16 anos, Emílio já era regente de coral da Igreja Presbiteriana Independente Central de Brasília. Formado pela Universidade de Brasília (UnB) em regência, composição e canto e pós-graduado em Düsseldorf, na Alemanha informa que a música estimula a criatividade e sensibilização das crianças. Além de auxiliar no aprendizado escolar, estimula a coordenação motora e a ampliação da percepção. “Sabemos que por meio deste trabalho, cada vez mais a criança se engaja na sociedade de uma forma positiva”, afirma De Cesar, que acredita no crescimento e inclusão das crianças na sociedade, sem a necessidade de tirá-las dos locais que vivem.

OS INSTRUMENTOS

O projeto que utiliza a arte como forma de recuperação da cidadania, é um exemplo bem-sucedido de trabalho social com foco na educação. Mas para realizá-lo é preciso ter os instrumentos musicais, o que segundo Emílio é muito caro. Violoncelo e contrabaixo, por exemplo, custa em torno de 600 a 2000 mil reais. O maestro conta com a ajuda da comunidade e busca parceiros para que o trabalho ganhe força e mais crianças sejam alcançadas. “Ao saber do projeto, muitos amigos abraçaram a ideia e doaram instrumentos pessoais”, diz Emílio.

Para ele o desejo é resgatar as crianças das ruas, dos maus caminhos e da péssima influência que infelizmente campeiam certos locais como o Itapoã. “Queremos que eles tenham oportunidades de descobrir, que são capazes de fazer outras atividades”, comenta o maestro e frisa que trabalho semelhante acontece na Venezuela com o “El Sistema”, da Orquestra Simon Bolivar. Segundo ele a sociedade se modifica, sempre que um trabalho social é desenvolvido. “No futuro, muitos alunos poderão trabalhar em locais como Igrejas, teatros, ou mesmo em casa tocando os instrumentos”, afirma.

NOVO PROJETO

No mês de maio, maestro Emílio foi convidado a fazer parte do “Batucadeiros, Crescendo com Música”. O responsável pelo projeto, Ricardo Amorim, explica que a ideia da parceria foi um encontro de anseios que se harmonizaram, entre o grupo e o maestro. Segundo ele, o objetivo era oferecer cursos de instrumentos variados, mas faltavam recursos e conhecimento. Por outro lado, maestro Emílio buscava iniciar um trabalho de música orquestral, em um contexto de projeto que já tivesse uma inserção e identidade cultural, dentro de uma região com populações em vulnerabilidade. “Então juntamos nossas experiências de dez anos de trabalho, na inclusão sociocultural do grupo Batucadeiros, com a vasta experiência musical do maestro Emílio, no Brasil e no Mundo”. Ricardo reforça que a meta é ampliar as oportunidades de cidadania e cultura de crianças, adolescentes e jovens da periferia. Além de gerar qualidade de vida e combater as desigualdades sociais tão latentes no DF.

Para Rosangela Oliveira Campos, 33 anos, mãe de Pedro Henrique, 10, aprender música com o maestro Emílio é uma oportunidade ímpar. Desempregada, ela conta que o sonho do filho sempre foi tocar violão. Certa vez, por não ter R$ 20 reais, ela não pode matricular Pedro em uma escola de música. Assim que mudou para o Recanto das Emas, Rosangela observou crianças andando na rua carregando instrumentos musicais. Foi quando conheceu o projeto Batucar, que atende moradores da comunidade e alunos da rede pública.

Pedro Henrique foi contemplado e atualmente faz parte do projeto com dedicação, pois deseja tornar-se um grande músico. “Confesso que me sinto mais realizada que meu filho. É uma satisfação que não dá para externar”, comenta a mãe, que comemora, não apenas a vitória do filho, mas de cada criança, de uma comunidade menos favorecida como é o caso do Recanto das Emas, que antes não tinha sonhos, mas hoje pode realizar algo diferente.

Conjuntivite, perigo a vista

Secretaria confirma no DF o surto da doença com mais de 9 mil casos. Especialistas dão dicas de como evitar o problema e alertam que manter a higiene, é a melhor forma de evitar uma contaminação

Por Márcia Casali

A Secretaria de Saúde alerta a população, sobre o surto de conjuntivite no Distrito Federal. De janeiro a abril foram registrados mais de 9 mil casos. A cidade de São Paulo também enfrenta o problema da infecção. Cerca de 120 mil casos já foram notificados na capital paulista. Contra a conjuntivite, porém, não existem vacinas, e o primeiro passo é fazer o diagnóstico com um oftalmologista. O tratamento em seguida é por meio de colírios, lubrificantes, anti-inflamatórios ou compressas geladas.

O oftalmologista, Victor Saques Neto, explica que a conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, ou seja, membrana transparente que recobre o olho. Ela pode ser causada por alergias, infecções virais ou bacterianas e irritações químicas. Todos os tipos podem ser bilaterais sendo, as alérgicas, as mais comuns. Dependendo do tipo e do grau de severidade, o tratamento pode exigir de 7 a 15 dias de cuidados e afastamento das atividades rotineiras. “No caso das alérgicas, o portador está suscetível a enfrentá-la, porque os episódios de crise se manifestam e depois somem. Deixando o paciente livre dela por um período, mas não totalmente”, explica o especialista.

Segundo Victor, o contágio não acontece com todas as conjuntivites. As alérgicas, por exemplo, não são contagiosas. Elas são resultado de uma reação alérgica aos resíduos que flutuam pela atmosfera, como poeiras e pólens. Já no período de verão e inverno, quando as pessoas compartilham locais fechados como academias, shoppings e clubes, criam-se um ambiente propício às conjuntivites. “É importante lembrar que, nos períodos de frio, as pessoas costumam permanecer mais tempo dentro de casa”, comenta o médico que acrescenta sobre a falta de ventilação, que propicia um ambiente favorável ao compartilhamento de vírus e bactérias.

Apesar de parecer comum, a doença deve ser tratada e vista com seriedade, pois pode evoluir para quadros graves, caso não seja tratado com os devidos cuidados. A falta de tratamento pode causar aparecimento de manchas na córnea. Outra informação importante é que a doença também atinge as crianças. Victor explica que a administração das medicações devem seguir de forma correta, tendo uma orientação médica. Muitos remédios utilizados em adultos, também tem uso pediátrico. “Cabe apenas ao oftamologista indicar o tratamento adequado”, reforça o médico.

Tipos de conjuntivites

Para evitar a proliferação do vírus, a dica é rever hábitos básicos de higiene, como não compartilhar objetos pessoais (óculos, toalhas e roupas de cama) e lavar bem as mãos com sabão e álcool em gel, 70%. Segundo a médica, Maria Regina Chalita, existe vários tipos de conjuntivite. E todos com tratamentos específicos. “Prevenção é a palavra de ordem, sendo assim, vale tomar alguns cuidados como não usar medicamentos sem prescrição médica e preferir óculos de grau ao invés das lentes de contato”, diz a médica.

A conjuntivite infecciosa faz os olhos ficarem vermelhos, inchados, lacrimejando, sensíveis a claridade, além da sensação de ter um corpo estranho. Ela é transmitida, mais freqüentemente, por vírus, fungos ou bactérias e pode ser contagiosa, o que acontece por meio do contato. Assim, estar em ambientes fechados com pessoas contaminadas, uso de objetos contaminados ou, até mesmo, pela água da piscina são formas de se contrair a conjuntivite infecciosa. “Quando ocorre uma epidemia de conjuntivite, pode-se dizer que é do tipo infecciosa”, explica Maria Regina.

Outro tipo da doença é a conjuntivite viral, que geralmente é causada por um adenovírus, mas também pode ser transmitida por enterovirus tipo 70 - conjuntivite hemorrágica. É muito comum em escolas, local de trabalho, consultórios médicos, ou seja, em local fechado, tendo contato íntimo entre as pessoas. O diagnóstico é realizado pelas características clínica. “O tratamento consiste na utilização de compressas frias, e lágrimas artificiais. A propagação do vírus dura até 14 dias após o início dos sintomas”, comenta.

A conjuntivite bacteriana caracteriza-se por ser purulenta. São causadas por bactérias e tratada com antibióticos tópicos. Já a conjuntivite química e uma irritação por alguma substância como, por exemplo, maquiagem e cloro.

Dicas importantes

  • Mantenha as mãos e o rosto sempre limpos, estes são veículos importantes para a transmissão de microorganismos
  • Não compartilhe objetos pessoais: travesseiros, toalhas de banho e rosto, sabonetes, óculos, maquiagem ou qualquer outro objeto de limpeza
  • Limpe os olhos somente com materiais descartáveis
  • Evite nadar em piscinas sem cloro ou em lagos
  • Ao utilizar colírios e pomadas, tome cuidado para não encostar o bico do frasco olho
  • Use óculos de mergulho para nadar
  • Evite exposição a agentes irritantes ou alérgenos, como o a fumaça e o pólen
  • Não use medicamentos sem prescrição médica

ACABE COM O MOFO

Com as mudanças no clima, o mofo toma conta dos armários, mancha roupas e sapatos, além de causar alergia. Aqui estão algumas dicas de como acabar com esse invasor

Por Márcia Casali

O clima seco e a baixa umidade do ar em Brasília é um problema para quem sofre de doenças respiratórias. Dentre os fatores que favorecem o aparecimento da alergia, podemos citar os períodos de chuva e sol bem definidos, o que propicia a proliferação do velho conhecido das paredes, armários, roupas e sapatos: o mofo. Para evitar a proliferação do fungo, a melhor tática é a mudança de certos hábitos.

Quando fala sobre alergia, a estudante brasiliense Lilian Carla Lima, de 21 anos, não hesita. Diz que a doença faz parte de sua vida desde a infância, são crises constantes. “Não durmo bem à noite por causa da coriza, espirros e a obstrução nasal. Também não consigo comer por causa da irritação na garganta e perda do paladar, o que impede que eu sinta o gosto da comida”, explica. Para os especialistas, as crises acontecem, na maioria das vezes, porque os pacientes estão expostos a algo que desencadeia os sintomas, como pó, pelo de anima, fungos, devido a umidades, dentre outros. E no caso da Lilian um fator que contribui para as crises é o apartamento onde mora. O mofo aparece, pois as paredes são úmidas e com infiltração, além da poeira que entra pelas janelas durante o dia. “A limpeza geral é feita três vezes por semana, tanto na casa, quanto nos armários e mesmo assim não conseguimos acabar com o mofo”. Para a universitária uma dica é utilizar álcool durante a limpeza, algo que aprendeu com a avó. “Tenho o hábito de tirar tudo do armário, passar o produto e deixar agir por alguns minutos. Ouço falar em dicas simples para combater o problema e apesar de não utilizar acredito que tenha algum resultado”, finaliza.

CONHECENDO O PROBLEMA

A prevenção ainda é a melhor tática. Dicas como utilizar tinta com seladores e manter as janelas abertas para a troca de ar do ambiente, podem ajudar a evaporação no local mofado. Para o alergista do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Alexandre Ayres, mofo ou bolo, ou ainda, fungos do ar, são parasitas que podem colonizar em qualquer superfície, desde que existam condições apropriadas e adequadas para tal. Elas podem ser prejudiciais à saúde ou não. “Lembremos que são utilizados na culinária, para a preparação de alimentos como vinho, cerveja, fermentos e certos tipos de queijos”, explica.

A eliminação de fungos dentro e fora de casa, é uma tarefa virtualmente impossível, porém a busca de um ambiente limpo e saudável é uma meta a ser permanentemente seguida. “Na minha área de atuação, Alergia Clínica lido diariamente com doenças causadas por produtos dos fungos do ar, principalmente a rinite alérgica e a asma brônquica”, diz o médico. Segundo Ayres os causadores de doenças são encontrados, principalmente, em frutas e pães, além de sótãos, porões, armários, estofados, cortinas de banheiros, dentre outros. Além de se desenvolverem em ambientes submetidos à umidade, embora algumas classes de fungos do ar, possam proliferar em climas secos, com baixa umidade e insolação elevada.

Para o médico, fragmentos destes fungos, ao serem desprendidos e ficarem no ar, podem, através da inalação ou, raramente, em contato com a pele, causar doenças-alérgicas respiratórias como asma brônquica, rinite, alveolites – a inalação de poeiras orgânicas resulta em reações de hipersensibilidade do alvéolo. Além de conjuntivite alérgica, doenças de pele, infecções como otite e gastroenterites, quando ingeridos em alimentos mofados, dentre outras mais raras. Algumas empresas oferecem aparelhos que reduzem a contaminação microbiológica do ar naturalmente, sem a utilização de químicos ou filtros, atuando na prevenção das principais alergias e doenças respiratórias. Para o especialista estes aparelhos atuam como purificadores ou depuradores do ar, “pode parecer eficazes”, mas não tem a capacidade de eliminar os focos de proliferação dos fungos do ar. “Uma parede mofada e não adequadamente impermeabilizada, vai continuar mofada e consequentemente com o fungo”, explica.

DICAS SIMPLES PARA COMBATER O PROBLEMA

Ø Capas impermeáveis, anti-ácaros, para colchões e travesseiros;

Ø Retirada/substituição de tapetes, carpetes, almofadas, cortinas, estofados não impermeável, capazes de favorecer o crescimento de fungos;

Ø Livros e objetos de couro não são recomendáveis nos dormitórios;

Ø Limpeza e manutenção regular dos aparelhos de ar condicionado;

Ø Soluções fungicidas - eficazes e não tóxicas.

SOLUÇÕES CASEIRAS

Ø ARMÁRIOS: Limpar com pano umedecido com;

Ø BANHEIROS: Manter a janela aberta para que o ar circule e seque as paredes;

Ø ROUPAS: Brancas podem ser lavadas com água sanitária. Coloridas deixar de molho em um litro de água com meio copo de leite. Lavar com água morna;

Ø COURO: Roupas e sapatos, use um pano umedecido com água e álcool em gel;

Ø PAREDES: Evite encostar os móveis na parede. Misture água sanitária e água e passe com um pano umedecido no local mofado.

É possível ser feliz longe de casa

Asilos na cidade provam que a ideia de tristeza e abandono é coisa do passado

Por Márcia Casali

O Estatuto do Idoso é uma conquista para o país, que passou a ter uma Política Nacional para milhares de idosos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há uma estimativa de que no Distrito Federal existam 127 mil idosos e no Brasil, cerca de 19 milhões com mais de 60 anos. As políticas públicas voltadas para os idosos são novas e o envelhecimento tornou-se questão fundamental. Houve melhorias, mas muita coisa ainda precisa ser feita.

Um grande desafio no país é o controle e fiscalização das Instituições de Longa Permanência (ILPI). Conhecidas pelo trabalho de amparo e assistência a idosos abandonados ou sem família. No DF apenas 13 instituições fazem parte do Conselho dos Direitos do Idoso (CDI). Órgão responsável por acompanhar e fiscalizar todas as ações voltadas para o idoso na cidade. De acordo com o secretário-executivo do CDI, Luiz César Fiúza, a lei precisa ser cumprida e os idosos merecem tratamento digno. “Estar com a família é fundamental, mas presenciei casos onde a melhor solução era um abrigo”, diz Fiúza que tem como proposta realizar visitas permanentes aos asilos, com cronograma independente de denúncias.

Atendimento e convívio com a sociedade

A assistente social Lis Alecrim, do Lar de Velhinhos Maria Madalena, reconhece a importância do Estatuto, além do desafio do serviço social, mas também diante da questão do idoso institucionalizado. Para ela o asilo ainda é carregado de estigmas, que foram construídos no decorrer dos anos, como abandono e negligência. “Atualmente as Ilpi´s mudam esse paradigma de abandono, fazendo do abrigamento a melhor possibilidade de qualidade de vida para o idoso. Onde atividades de integração, cultura, lazer, esporte, dentre outras são desenvolvidas”, explica Lis. Ela reforça que o meio familiar deve ser a primeira opção por ser o ambiente que o idoso está habituado. “A decisão não pode ser apenas dos familiares, mas também do próprio idoso, que muitas vezes se sente solitário”, afirma.

Jorge da Silva, 66 anos, e Glória Nery, 67, são conhecidos no lar pela história que os envolvem. Ela está no lar há vinte e oito anos e Jorge há um. Para a técnica de enfermagem, Ana Paula Neves, assim que Jorge chegou a casa, foi logo se engraçando por ela. Ficaram amigos, começaram a namorar, até que um dia resolveram casar. “Na época procurei o presidente da instituição, Nivaldo Torres Vieira para tratar do assunto. Diante da situação, tendo em vista que são dois idosos lúcidos, o lar realizou o casamento em 17 de abril de 2010, com tudo o que os noivos tinham direito. Vestido de noiva, tapete vermelho, padrinhos e bolo.

Para abrigar o casal, a direção aproveitou uma suíte ao lado do Departamento de Integração. “A casa foi mobiliada com geladeira, televisão, cama, sofá e banheiro. Menos fogão, para evitar acidentes”, explica Ana, enfatizando que a medida foi visando a segurança do casal, pois uma das regras da casa é usar o refeitório. Segundo Glória, estar no lar é uma grande felicidade. “Gosto de morar aqui. Além das atividades diárias, sempre temos algo para fazer, como sair para dançar e ir a clubes”, comenta Glória.

Dentre os moradores da casa, alguém que também se destaca é a primeira moradora da casa, Maria Irene Gomes, 81 anos. Ana explica que Maria chegou a casa com uma perna amputada. “Durante muito tempo ela usou uma prótese. Hoje está na cadeira de rodas, mas é totalmente independente”, comenta. Para Ana ela é uma idosa, que mesmo estando em uma instituição, é alegre, participativa e tenta se inserir em tudo. “Mesmo não enxergando direito ela ainda faz crochê, está na oficina de customização e estuda. Ela não faz da deficiência um empecilho”. Segundo Maria Irene no lar ela encontrou amigos e é o lugar que ela gosta de estar. “Aqui eu tenho tudo o que preciso, além dos meus amigos”, diz.

Os idosos contam com uma programação diária que inicia no café da manhã, às 7h15, e encerra com a ceia, às 20h. Todos os dias, eles participam de atividades recreativas e cognitivas, com quebra cabeça, dominó e xadrez, que requerem esforço mental. Eles ainda participam de musicoterapia, filmes, oficina da memória, customização de objetos, bordados, terapia ocupacional, massagens e alfabetização, por meio do projeto Luz das Letras. “O objetivo é encaixar atividades da melhor maneira possível, para que eles tenham sempre o que fazer”, diz Ana.

Lar se mantém com a ajuda da população

Fundado há 26 anos pela Renovação Carismática, o lar Comunidade de Renovação Esperança e Vida Nova (Crevin) abriga 33 idosos, sendo 17 mulheres e 16 homens. A instituição é mantida por doações e acaba de se inscrever para receber auxílio do GDF. Segundo o administrador, João Cardozo Souza, com a ajuda é possível construir outro andar com mais quartos. “A despesa com fraldas, remédios e roupas é alta. Por isso realizamos eventos para completar a renda”. Ele reforça que a instituição não visa fins lucrativos e o governo só contribui com o pão e o leite diariamente.

O abrigo tem dois andares com 18 quartos, além de salas de televisão, refeitório, enfermaria e sala de nutrição. Além de um espaço reservado para pessoas da comunidade que realizam trabalhos manuais para contribuir com a casa. O quadro de funcionários do local é composto, também, por voluntários. O bombeiro aposentado, Ivan Pereira dos Santos, 50 anos, colabora com a casa desde a fundação. “Antes eu ajudava na cozinha. Agora estou substituindo o motorista”, comemora Santos.

Cerca de dez idosos da Crevin, ou não têm família, ou foram abandonados. Souza conta a história de uma senhora que tinha 13 filhos, mas só um dava a assistência necessária. “Bastava ligar no serviço que ele vinha na hora”, diz Souza. Ele comenta que os outros filhos chegaram a ficar mais de três anos sem visitar a mãe. Segundo ele, nem todos recebem visitas com freqüência. No lar há cinco anos, José Ferreira de Lima, 69, conta que era alcoólatra e precisou de ajuda para deixar o vício. Após cinco derrames, ele foi abandonado pela mulher. O único contato com a família são as visitas do filho “Eu sabia que aquilo não era um meio de vida”, lembra José.

Para o advogado aposentado, Antônio Caruso, 79 anos, o lar oferece tudo o que ele precisa. Após longos anos na casa da irmã, chegou um momento que ele precisava de cuidados especiais, algo que a irmã não tinha condições de fazer. Caruso passa grande parte do tempo lendo revistas e afirma que gosta de estar num abrigo. “Indicaram a Crevin para minha irmã, por ter boas referências. Aqui eu tenho tudo o que preciso”, afirma Caruso.

Por meio da assessora, Sueli Rochedo, a Subsecretaria de Assuntos para a Terceira Idades do DF (Subati/DF), informou que na ausência da família ou de condições financeiras, o Estado custeia a permanência do idoso em algum asilo. “O Estado faz o encaminhamento para uma Ilpi e paga as diárias”, explica Sueli.

Colaborou: Kécia Pereira

Tratamentos que aliviam as dores na coluna

Ao sinal de desconforto, o primeiro passo é buscar ajuda de um especialista para diagnosticar o problema e realizar o tratamento adequado

Por Márcia Casali

Para viver com mais saúde é preciso ter alguns cuidados. A recomendação não tem nada de errado, mas é preciso encarar a realidade e entender que tudo na vida tem limites. Não é raro ouvir alguém se queixar de dores na coluna ou que deu um mal jeito nas costas. As dores na coluna podem não ser de uma causa específica, mas já é comprovado que as mais comuns estão relacionadas a ficar sentado por muito tempo, o que se agrava com a grande utilização do computador, má postura até mesmo ao dormir, o sedentarismo, a prática de exercícios sem a devida orientação e as alterações degenerativas naturais que vão ocorrer nas estruturas vertebrais com a idade.

Todas essas causas poderão acarretar desvios posturais na coluna vertebral e outras patologias que levarão ao desconforto. Mas, se essa dor for constante o ideal é procurar um profissional da área, para descobrir a causa e orientar o tipo de tratamento mais adequado. O culto a beleza leva as pessoas ao exagero nas academias e a busca por resultados rápidos pode colocar a saúde em risco. De acordo com o ortopedista e professor da Universidade de Brasília (UnB), Gustavo Velloso, praticar exercícios físicos é recomendável, mas depende da intensidade e tempo de execução.

Ele reforça que antes de qualquer tratamento é importante determinar a origem dos sintomas que causam a dor, além de avaliar as condições físicas do paciente. Dessa forma é possível estabelecer uma meta de tratamento de acordo com o perfil de cada pessoa. “Apesar de todos os indivíduos apresentarem alterações degenerativas com o passar dos anos, nem todos sofrerão de um quadro constante de lombalgia”, explica Velloso.

Tratamentos indicados

A professora de educação física, Cristina Calegaro explica que as principais causas para a dor de coluna podem ser tratadas. Em parceria com a fisioterapeuta Cris Lúcia Barros de Freitas, elas utilizam técnicas que buscam oferecer um tratamento eficaz. Segundo Cris Lúcia, na fase aguda da crise é recomendado tratamentos conservadores, consistindo de fisioterapia, acupuntura, massagens, medicação entre outros. Com o objetivo de diminuir a dor e tratar a inflamação se existente. “À medida que a dor for amenizando já se deve pensar na sua causa sendo que a Reeducação Postural Global (RPG) é uma excelente conduta” diz. Para a fisioterapeuta o objetivo é tratar a dor, orientar e tirar dúvidas do indivíduo quanto à postura, e se não tiver como resolver completamente os desvios posturais, a RPG vai evitar que as dores piorem e que outras patologias apareçam.

Com mestrado em hérnia de disco lombar, a professora de educação física Elaine Wetler há 15 anos trabalha com ginástica postural corretiva e atende pessoas com diversos problemas de coluna. Elaine explica que um tratamento conservador, além do baixo custo, vem apresentando os melhores resultados em cerca de 89 a 90% dos indivíduos com hérnia discal lombar. Para Elaine a hérnia pode regredir com o tratamento clínico, fisioterápico, infiltrações, dentre outros. Ela chegou a conclusão, ainda que empírica, que não é possível viver sem dor, mas existem meios de sobreviver a isso. A forma de tratamento utilizado, conta com a consciência do paciente participativo. “Minha parte é individualizar os alongamentos musculares, baseados numa avaliação biopsicossocial, pois é preciso entender o significado da dor para cada sujeito”, comenta Elaine. Ela observa que, após o tratamento a hérnia de disco tende a desaparecer, devido a reabsorção espontânea.

Segundo o professor Silvano de Oliveira, por estar acima do peso começou a correr sem orientação de um especialista, o que só aumentou as dores. Após vários tratamentos, foi diagnosticado uma Discopatia Degenerativa. Silvano explica que tentou acupuntura, RPG e fisioterapia, mas foram os exercícios de alongamento e hidroterapia que trouxeram benefícios. “Eu temia uma cirurgia, pois noto que as pessoas que fizeram continuam com as dores. No meu caso, o alongamento fez toda a diferença”, comenta o professor que perdeu 20k após dar início ao tratamento.

Primeiro passo é diagnosticar o problema

De acordo com o neurocirurgião Márcio Vinhal, as causas de dores na coluna são diversas. Dentre elas estão os tumores, infecções, fibromialgia, hérnia de disco e desgaste das estruturas da coluna vertebral. Vinhal explica que o médico deve fazer o diagnóstico correto, para dar início ao tratamento específico, que de preferência venha a ser de utilidade para toda vida. Para o médico, uma reabilitação postural, boa alimentação, parar de fumar, controlar diabetes e obesidade, iniciar ou aprimorar o desempenho físico e tratar do emocional, tem sempre lugar de honra na profilaxia.

Vale lembrar que as pessoas trabalham mais tempo e sob regime estressante, com prazos, competições, dentre outros. Se for observar, os alongamentos, exercícios físicos, a boa postura, vão sendo deixados de lado e um dia a pessoa terá que pagar esta "conta" ao seu corpo. As dores na coluna, que consistem nas queixas mais comuns, podem ser constantes, esporádicas ou restritas a uma região. Para Vinhal há desgaste de algumas articulações, sendo as da coluna, joelhos e ombros consideradas as piores. “Temos pacientes com características genéticas de predisposição. Apesar do gen ainda não ser devidamente explícito, o caráter familiar é de grande importância”, explica.

Segundo o neurocirurgião, toda a coluna é muito inervada. O disco tem pequeninos nervos, as articulações, os músculos, o ossos, cada local têm um tipo de dor predominante e tratamento bem específico. Quanto ao tipo de dor, seja ela lombar ou cervical, a predominância entre os sexos, não há diferença. Em caso de atletas, há lesões em ambos os sexos, pois tanto o homem, quanto a mulher trabalham com os limites do corpo.

Para Vinhal, ao sinal de desconforto, o primeiro passo é procurar ajuda médica. Desde um clínico geral, um reumatologista, geriatra, ortopedista ou até mesmo um neurocirurgião, caso tenha suspeição de compressão de nervo. Segundo o médico, um diagnóstico errado pode levar a cirurgias desnecessárias. Um alongamento sem a devida investigação em casos de compressão de medula pode levar a tetraplegia imediata e irreversível. Além de uma infecção mal diagnosticada, que pode levar a um abscesso e até a complicações maiores.

Por isso, um bom diagnóstico tem que ser almejado desde o início, o que leva a um melhor resultado, que são pacientes felizes, praticando esportes, musculação e sem necessidade de cirurgia. De acordo com Vinhal, mesmo em excelentes mãos os resultados clínicos e cirúrgicos não são 100% excelentes. “Se não melhorar com tratamento clínico, tem que procurar um especialista que trate de forma progressiva a dor, para evitar que essa fique crônica”, explica o neurocirurgião Márcio Vinhal.

Dezembro é o novo mês das noivas

Um fator que impulsiona o mercado nessa época, além do período de férias é o décimo terceiro salário. O ganho extra tem proporcionado as noivas, momentos inesquecíveis

Por Márcia Casali

Com a aproximação das festas de final de ano vem o tão esperado décimo terceiro salário. E com ele, a dúvida de como aproveitar esse ganho extra. Os gastos precisam ser planejados e sempre com moderação. Uma estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta que desde 2006 houve um aumento no número de casamentos durante o mês de dezembro. De acordo com o tabelião e diretor de registro civil da Associação dos Notários e Registradores do Distrito Federal (ANOREG/DF) Paulo Henrique de Araújo, a data ganhou notoriedade pelos casais, por conta do benefício, além da oportunidade de poder unir mais amigos e parentes na comemoração. “Há uma grande procura de casamentos em dezembro porque, além de ser o período do décimo terceiro, esta época é ideal para juntar familiares, já que também é tempo de férias”, destaca o tabelião.

PREPARATIVOS PARA O GRANDE DIA

Como casar é o sonho de muitas mulheres, os especialistas alertam que nesse momento é fundamental planejar e iniciar as contratações de fornecedores, com no mínimo um ano de antecedência. Tendo sempre cautela e atenção às prioridades. Para a advogada Camilla Rabello Rabadan e o noivo Rafael Rabadan de Oliveira, o décimo terceiro salário é, sem dúvida, um excelente auxílio. O casal planejou o casamento com antecedência e comemora o resultado. “Juntamos não apenas o décimo terceiro, mas os bônus recebidos durante o ano. Além disso, todo mês, parte do salário era destinado ao pagamento das parcelas de buffet, decoração, banda, fotógrafo, dentre outras despesas”, diz Camilla.

Para a Engenheira Florestal Ana Carolina Hydalgo Scheuer, programar o casamento com antecedência oferece a possibilidade de dividir os gastos. “A maioria dos contratos dividem as parcelas até o mês do casamento. Sendo dezembro o último, o valor foi dividido em dez vezes, o que não pesou no orçamento”, explica Ana Carolina que vai aproveitar o décimo terceiro para os gastos não programados. A programação antecipada vai possibilitar ao casal realizar um cruzeiro de oito dias, com direito a Reveillon em Copacabana.

A estudante de música Norita Portilho, namora há quatro anos com o professor de educação física Guilherme Nothen. Ele ganhou uma bolsa para realizar o doutorado na Universidade de Toronto, no Canadá. Por esse motivo, o casal dispõe de pouco tempo para os preparativos. Nesse momento, as famílias foram fundamentais em relação às despesas extras. “Para as noivas mais apressadas, fazer um casamento em pouco tempo não é fácil, e o décimo terceiro sem dúvida ajuda”, diz Norita que para conciliar o último semestre com os preparativos do casamento, trocou “a profissão de professora de música pela profissão noiva”.

REALIZANDO SONHOS

Aos 12 anos de idade, Fernando Peixoto foi trabalhar em um atelier de costura. Atento aos mínimos detalhes e um conceitual estilo romântico, Fernando tornou-se uma referência nacional no mundo da moda. O estilista, considerado o mago das noivas, afirma que trabalha para fazer com que, o dia do casamento, seja o melhor momento da vida da noiva. “Trabalho na transformação do sonho em realidade, pois toda mulher deseja ficar linda no dia mais inesquecível de sua vida”, diz.

As peças do estilista lembram os quadros de Renoir, invocando imagens de camafeus, inspirada na natureza com pássaros, flores e laços. “Trabalho com alegria. Eu me encontro, nos sonhos de amor que realizo. Assim vou construindo minha história, em cada momento inesquecível, tecido por minhas mãos”, explica o estilista. Esse diferencial de Fernando na criação de cada peça, tendo como objetivo que sua noiva seja a mais bonita, elegante e sofisticada foi o que chamou a atenção da estudante Norita Portilho. “Escolher o vestido não foi difícil. Experimentei alguns e o último era o vestido perfeito”, comemora Norita que vai se casar no dia 16 de dezembro e passar a lua de mel no Panamá.

Na Capital há dez anos, e com lojas em Brasília, Goiânia e Salvador, o estilista admira o bom gosto e elegância das mulheres brasilienses. Quanto ao novo mês de preferência das noivas, Fernando afirma que no período de férias, a procura por vestidos teve um aumento considerável. Para ele, principalmente em Brasília, por ser uma cidade nova, onde as famílias têm parentes espalhados pelo país, e o período de férias, em especial nas festas de final de ano, é a momento escolhido para estarem reunidos. “Nessa época observamos um aumento pela procura dos nossos serviços e não apenas por vestidos de noiva, como também para madrinhas, damas e roupas de festa”, explica Fernando.

CUIDADOS ESPECIAIS

De acordo com o economista Roberto Piscitelli, os gastos precisam ser planejados e a moderação deve fazer parte dos planos do casal. “É importante que as noivas não fiquem tão eufóricas e venham realizar tudo de uma só vez”, diz. Para ele, vale lembrar que na hora de fazer os orçamentos, contando com o décimo terceiro e benefícios é importante ter em mente que janeiro e fevereiro chegam rápido, assim como os impostos e despesas mensais.

O grande desafio de ser dona de casa no século XXI

A mulher tem conquistado um lugar de destaque na sociedade. Elas são médicas, engenheiras, chegaram à política e ainda precisam cuidar do lar. Os desafios são inúmeros, mas elas garantem que vale a pena

Por Márcia Casali

O perfil da mulher do século XXI é muito diferente daquela do século passado. Sem levantar a bandeira do feminismo, a mulher atual obteve conquistas e avanços no mercado de trabalho e chegam a ocupar cargos que antes eram destinados apenas aos homens. Vale destacar, que as mulheres jamais serão como os homens, tendo em vista as diferenças comportamentais, biológicas, criação e hábitos culturais. Numa sociedade que se diz moderna, em um mundo tão competitivo, é fundamental o respeito pela individualidade e limitações entre os sexos.

Os desafios são muitos para quem precisa ser esposa, mãe, boa profissional, linda e ainda: dona de casa. Saber administrar o lar e ser empreendedora sem esquecer as necessidades do esposo, dos filhos e do próximo, é o perfil da mulher atual. Conciliar e atender as exigências profissionais e pessoais não é uma tarefa fácil, mas a mulher é habilidosa, não teme os desafios e está sempre disposta a recomeçar.

Histórico de lutas e conquistas

Segundo a psicóloga Maura Carvalho, o papel social da mulher é marcado historicamente pela opressão e pela constante necessidade de reivindicar uma posição de maior autonomia e independência, frente à divisão de tarefas entre gêneros. Ela destaca que nos últimos anos, e desde a revolução sexual feminina, o esforço tem sido o de desconstruir a naturalização do que é "coisa de homem" em contraposição ao que é "coisa de mulher". “O grande desafio das mulheres é mostrar o valor nem sempre óbvio daquilo que historicamente foi atribuído ao feminino: cuidar de si, dos outros, cooperar, manter e alimentar”, explica.

Corrida contra o tempo

Para a empresária e estudante de direito Cristiane Gulyas, é complicado ser mãe, mulher, empresária e estudante ao mesmo tempo. Ela diz que é importante correr atrás dos sonhos, sem esquecer a essência e os cuidados pessoais. “Tenho meus conflitos internos de vez em quando, e às vezes me sinto culpada por não estar mais presente com minha família. Mas tenho uma meta a seguir, e se não for assim, deixo de fazer algo por mim como pessoa”, comenta. Cristiane procura driblar o pouco tempo com a família aproveitando os momentos juntos, tornando-os o mais alegre possível. Mãe coruja assumida, a empresária faz questão de levar e buscar a filha Amanda, 15 anos, na escola e nos passeios com as amigas.

Com tantos compromissos, Cristiane ainda encontra tempo para frequentar a academia. “Ao sair da faculdade, aproveito para fazer 30 minutinhos de ginástica. Depois do almoço, sigo para o Centro Hípico onde mantenho uma escola de equitação e um centro de equoterapia. Uma agenda é fundamental para não me perder nos afazeres”, destaca Cristiane, que aproveita os finais de semana para colocar a casa e os estudos em ordem. “Acho que hoje em dia, a mulher conquistou seu espaço, mas não deixou de lado o fato de ser mãe, psicóloga, motorista, companheira, professora e cozinheira. Apenas incluímos tudo isso num pacote só”, finaliza.

Com formação em processamento de dados, Jaquelma Amorim é casada há onze anos. Mãe de Mariana, 10 anos e Rodrigo 5, ela acredita que apesar dos inúmeros compromissos, a vida não teria sentido, pois tudo se completa. Com o tempo cronometrado, ela não abre mão de tomar café da manhã com a família e diz que acorda mais cedo todos os dias, só para garantir esse momento. “Realmente a minha vida é bem corrida e trabalhosa, mas se existir amor, tudo fica mais fácil”, afirma.

Jaquelma conta que não ensina aos filhos que eles precisam estar acima da média, e sim que eles sejam felizes. “Nada impede que eles tenham empenho nos estudos e corram atrás de seus sonhos. Mas sempre respeitando um ao outro e isso começa em casa”, destaca. Driblando o pouco tempo com a família, ela sempre arruma um jeito para ir ao cinema com o marido ou sair com os amigos. “Sempre procuramos arrumar um espaço para nós dois”, finaliza.

Feliz com as diferenças

A policial militar Raquel Alves, confessa que a rotina é exigente e cansativa. Sobra pouco tempo para assuntos pessoais e que abre mão de muitas coisas para proporcionar o melhor para os filhos Felipe, 20 anos, Fernando Junior, 9 e Maria Fernanda, 7. “Sem mãe e sogra por perto, que muitas vezes nos socorrem , conto com uma secretária que me ajuda com a casa”, diz. Raquel lembra, que ainda restam dois papéis que ninguém pode desempenhar: o de esposa e o profissional. “A esposa precisa ser vela e não âncora nesse barco que é o casamento”, comenta a policial que ouviu essa frase do marido em momentos de conversa sobre como comandar essa embarcação que passa por turbulências, mas também por bonanças. Como profissional, ela se esforça para prestar um serviço de excelência, pois a mulher é mais cobrada, mesmo que seja uma cobrança disfarçada. “Precisamos fazer o mesmo trabalho, só que com mais dedicação”, destaca.

Para Raquel, ser policial e uma profissão como qualquer outra, e no meio militar a maioria dos profissionais são do sexo masculino. Mas ela afirma que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito ou desrespeito, pois há lugar para todos. “Não há espaço para paradigmas que já caducaram”, explica. A policial acredita que basta fazer valer a pena, pois ser mãe, esposa, filha, amiga e profissional é uma dádiva de Deus e que não abriria mão de sua vida por nenhuma que pareça mais leve.

Com criatividade é possível amenizar os sintomas da TPM

Os sintomas mais comuns são mudanças no humor, irritabilidade e depressão. Para esses casos, a dica é alimentar-se corretamente evitando sal e açúcar e praticar atividade física

Por Márcia Casali

Nervosismo, sensibilidade e ganho de peso, estão entre os principais sintomas físicos e psíquicos que ocorrem na segunda metade do ciclo menstrual, conhecido como Tensão Pré-Menstrual (TPM). Especialistas advertem que a TPM não é uma doença, mas exige um tratamento especial, dependendo da intensidade e duração das manifestações. Há um grande desconforto físico, sendo os mais frequentes: dores de cabeça e musculares, sensibilidade nas mamas, acne, diminuição da libido e mudanças no apetite. Esse conjunto de sintomas pode ter maior ou menor relevância na vida de uma mulher, o que define o quanto eles poderão interferir nas diversas esferas de relacionamentos pessoais, sociais e profissionais.

De acordo com a psicóloga e sexóloga Edna Cassiano, a origem para os sintomas, são as variações hormonais que as mulheres passam nesse período. “Durante o ciclo, existe uma alteração normal na produção de importantes hormônios sexuais femininos, entre eles o estrogênio e a progesterona, produzidos nos ovários”, explica. A TPM se manifesta durante estas alterações hormonais e causam repercussões em todo o organismo e consequentemente, muitos sintomas físicos, dentre eles o ganho de peso. “Pesquisadores já encontraram oscilações de peso a cima de 2kg no decorrer dos ciclos menstruais”, diz.

AJUDA PROFISSIONAL

Segundo Edna, é fundamental buscar orientação médica para uma avaliação personalizada. Além de uma reeducação alimentar, prática de atividades físicas e pequenas ações que ajudem a desenvolver um equilíbrio. "É uma questão de buscar informações confiáveis e desenvolver estratégias para passar por estes períodos com menor impacto na qualidade de vida”, avalia. Edna cita que é importante observar alguns aspectos do ponto de vista psicológico, como a influência do meio em que a pessoa vive e sua dinâmica diária, tendo em vista o stress da modernidade. Além de avaliar a estrutura psíquica da mulher, traços de personalidade e características comportamentais e emocionais. “Isso faz com que algumas pessoas sejam mais agitadas, irritadas e ansiosas. Outras mais ponderadas e outras propensas a quadros depressivos”, explica.

A estudante Marinalva Felix de Oliveira, admite mudanças no comportamento devido a TPM, e que aprendeu a lidar com a situação de forma saudável. “Fico muito irritada e sensível. Mas depois que vou à academia, me sinto outra pessoa”, afirma. Mari, como é conhecida pelos amigos, acredita que nesse período é preciso gastar bastante energia. “O ideal é variar nas modalidades. Faço bike indoor, thai fight, corridas, alongamento e yoga para relaxar a musculatura”, detalha.

Quem também busca aliviar os sintomas da TPM nas atividades físicas é a jornalista e modelo Clarissa Ribeiro. Ela explica que as alterações físicas são as que mais incomodam, e desde a adolescência sofre com enxaqueca, dores musculares, tensão, nervosismo e tristeza repentina. “Durante a TPM não deixo de praticar atividades físicas, isso ajuda a driblar os sintomas, além de extravasar a melancolia e o nervosismo”, diz. Clarissa vai à academia todos os dias e confessa que comer chocolate nesse período é um problema. “No final você acaba com uns quilinhos a mais, pois é impossível comer apenas um chocolate”, admite.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Alguns alimentos podem ajudar a amenizar os sintomas da TPM. A nutricionista Pollyana Ayub, que é especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, explica que no caso da TPM uma dieta desequilibrada pode piorar os sintomas. Segundo ela, o primeiro passo é avaliar e tratar a mulher, conforme a fase da vida em que se encontra - infância, adulta, gestante, lactante e senil - pois as necessidades nutricionais são diferentes em cada etapa. Além das patologias que podem estar associadas, pois elas merecem uma atenção especial.

Na lista do que deve ser evitado na alimentação, Pollyana cita alguns alimentos ricos em sódio como o sal, temperos industrializados, embutidos, biscoitos e refrigerantes, pois auxiliam na retenção hídrica. Excesso de carboidrato simples, açúcar e doces, contribuem para o aumento de peso e bebidas cafeinadas como café, refrigerante tipo cola, chá mate e chá preto, contribuem para a irritabilidade e insônia. “É importante ressaltar que a nutrição é fundamental em todo momento e não apenas em um curto período. O tratamento deve ser continuo”, afirma Pollyana. Ela reforça que alguns nutrientes auxiliam nessa fase como: banana, cereais integrais, feijão, lentilha, grão de bico e aveia. Além das folhas verdes escuras como a couve, rúcula e acelga.

Quanto ao chocolate, Pollyana diz que as mulheres têm uma tendência ao exagero. Ele estimula a produção da feniletilamina, que também é precursora da serotonina, que provoca prazer. Mas essa delícia, além de contribuir para o ganho de peso e aumento da glicemia, pode causar alergia alimentares e aumentar a dor de cabeça em pessoas mais propensas. De acordo com a nutricionista, é bom ter cuidado com as versões diets, pois em sua composição, pode conter mais gordura que a versão tradicional. “O ideal é consumir o chocolate amargo, com uma quantidade maior de cacau na sua composição. Além de possuir uma quantidade menor de açúcar e gordura, ele pode trazer benefícios à saúde, devido ao alto teor de flavonóides”, afirma.

DICAS IMPORTANTES

- Reduzir gradativamente o açúcar das preparações, como sucos e vitaminas. Aproveite o açúcar natural.

- Faça o mesmo com o sal. Use temperos naturais como a cebola, alho e ervas.

- Não consuma temperos industrializados, como caldo de carne, galinha e legumes. Além dos embutidos (presunto, salames), pois eles são ricos em sódio, que auxilia na retenção de líquidos.

- Nunca descuide da água, pois é importante no funcionamento do organismo.

Aulas de boas maneiras e etiqueta social, não são coisas do passado

Alguns hábitos podem ser aceitos dentro de casa, mas na sociedade é necessário um comportamento diferenciado. Algumas regras de etiqueta fazem toda diferença se executadas de maneira correta

Por Márcia Casali

Para quem acha que aulas de etiqueta é coisa do passado, se engana. Conhecer a forma de se portar bem em qualquer situação, não tem preço. Em cada fase da vida é possível aprender conceitos relacionados à educação e etiqueta sócia, e principalmente, saber utilizá-los de acordo com os desejos e interesses. Alguns detalhes básicos, bem realizados, causam uma boa impressão, é o que explica especialistas na área. Usar copos e talheres a mesa, ouvir sem interromper quem está com a palavra, evitar palavrões e exageros nas roupas, evita situações constrangedoras. Hábitos que fazem toda a diferença são os cuidados com os dejetos do animal de estimação sempre que o leva à rua, além da discrição nas redes sociais. Usar o bom senso nos assuntos postados, evitar fotografias comprometedoras ou de amigos sem a devida autorização, discussões de namorados e informações pessoais, são cuidados que bem administrados, pode evita problemas, tanto na vida pessoal, quanto profissionais.

AJUDA PROFISSIONAL

A empresária Anna Paula Ramalho, conta que criou o curso Fashion Teen, com o objetivo de trazer alguns valores que estão esquecidos na sociedade, como: educação, força de vontade, atitude, autoestima e respeito. Ela viu na moda, um fio condutor para levar esses valores para os adolescentes. De acordo Anna Paula, o curso é dividido em etapas, onde inicia com dicas de como se vestir, estilo, consultoria de imagem, comportamento e etiqueta, lecionada por Sílvia Seabra, consultora em etiqueta. “Para entender sobre moda é necessário ser moda em essência e valores”, comenta. Na segunda etapa, os alunos discutem sobre a história da moda e aprendem a criar e desenhar as próprias roupas. São oficinas de customização, costura, trabalhos manuais e desenvolvimento de coleção. Segundo a empresária, é um momento de quebrar desafios e acreditar que é possível conseguir, ir além e se orgulhar de suas criações, afinal: "Um sonho sem ação é só um sonho, agora um sonho com uma ação pode mudar o mundo". Ao final do curso, os alunos apresentam um projeto final, onde eles desenvolvem uma coleção, e esta é apresentada em um desfile.

APÓS O CURSO

A etiqueta deixou de ser coisa do passado e está voltando, conquistando meninas cada vez mais novas. Pensando no futuro da filha Paula, 12 anos, a administradora Julia Rodrigues Gontijo, conheceu o curso por meio de uma amiga de escola da filha. Julia temia colocar a menina em um ambiente que não valorizasse o verdadeiro sentido da vida. “Com o curso, ela mostrou grande interesse pela história da moda. Nas férias, assistimos vários filmes sobre Chanel e aprendemos juntas, coisas muito interessantes sobre a 2ª guerra mundial”, diz.

Segundo Paula, o curso de etiqueta mudou alguns comportamentos e trouxe grandes aprendizados como andar com elegância, por a mesa corretamente, aprender novas tendências e até montar um negócio passo a passo. “Acredito que é importante eu ter o meu próprio estilo e nunca copiar o de outra pessoa”, comenta.

Quem também participa dos cursos e aprova, é a bailarina Juliana Faria, 14 anos. A menina comenta que o curso é uma forma de expressar as ideias e pensamentos, por meio de desenhos e estilo. Ela confessa que antigamente não via o curso de etiqueta, como algo útil. Opinião essa que mudou nas primeiras aulas. “Achei muito interessante, Aprendi coisas novas e importantes para me destacar entre as pessoas, sendo educada, compenetrada e sociável”, admite. De acordo com a mãe, a empresária Lina Almendra, o comportamento da filha mudou muito, principalmente a forma de comportar perante as pessoas, o que a tornou mais sociável. A empresária acredita que o curso é uma forma de ensinar novos valores para nossas crianças e adolescentes. “Na minha época de ensino fundamental, o curso de etiqueta fazia parte do currículo escolar”, lembra.

Para o bom andamento do curso, Anna Paula destaca que tudo começa com um faz de conta. Brincando, as meninas simulam uma visita e se comportam como convidadas e anfitriãs. Naturalmente a professora vai ajustando, corrigindo postura e maneiras de agir. Aprender desde cedo, torna as atitudes mais espontâneas o que facilita o bom comportamento no meio social e porque não, no meio familiar.